20 de julho de 2011

João,

eis que me ponho descontraída,
sentada à mesa, com a marca Brahma,
em grandes letras, cotovelos apoiados, displicente,
esquecida da etiqueta, ouvindo sem ser ouvida,
vendo sem ser vista, da timidez distraída,
embriagada da presença de meus ídolos,
quando neles descubro uns mitos tão homens
e uns homens mais mitos.
Quantas vezes desejei, tal qual sorrateira mosca,
pousar, não na sopa do Raul, mas nos mais inusitados
e inacessíveis lugares, onde, invisível ao espetáculo,
ainda que cotidiano, repousasse por prazer, gosto e vontade,
sem proibição,reserva ou punição.
E, hoje, sem metamorfose, nem deslocamento físico,
finalmente, aterrissei! Você conseguiu o milagre!
Lendo Toquinho, conheci mais Vinícius,
ficamos amigos, lendo Vinícius,
descobri mais Toquinho e mais Toquinhos,
somos parceiros, ainda que nem saibam
ou, desconfiem!
Participar de tão milionários mundos interiores,
sem a preocupação de ser inconveniente,
sem o temor de importunar, preservando-lhes a privacidade
e o direito de comumente viver,
traz-me a confortável sensação do respeito pelo espaço alheio
e a peculiar serenidade do bom senso.
E você, heim, João! Como diz bem!
Que saborosa fluência! Quão envolvente é sua palavra!
Em proseando, poeticamente desvenda intensos mistérios,
com os quais ludibriamos o tempo, desprezamos as distâncias
e, vibrantes,arremetemo-nos de corpo,cabeça e sentimento
a momentos e lugares singulares e especiais.
Obrigada, João Pecci, por despi-los de uma forma
surpreendentemente clara e bela e sublime.


Um grande abraço, cheio de admiração!
Jamais emudeça. Continue dizendo...
sempre...

Maria da Graça Almeida

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