Maria da Graça Almeida, nascida em Pindorama - São Paulo. Escritora, poetisa, professora, pedagoga e formada em Educação Artística. Obras Físicas Publicadas: - Espelho - Poesias Sem Mistério - A Graça que o Bicho Tem - Que traça sem graça - Mitos do folclore - A Menina da janela - O Cuco Maluco - O Besouro doente. - Olhos espertos - A substituta -romance
4 de maio de 2010
POEMAS CURTOS - Sulcos - Natureza Humana - Durante
POEMAS CURTOS
Sulcos
maria da graça Almeida
Talvez só um riso escancarado
aliviasse o amargor do ricto
que nos envelhece a face.
Não adianta a maquiagem.
Na solidão de um ventrículo vazio,
na seriedade de um ventríloquo mudo
não há disfarce que suavize
uma boca entre parênteses.
Natureza Humana
maria da graça Almeida
Sorriso enluarado,
longos braços de mar,
olhos de chuva leve,
mãos de doce ventar,
riso de queda d´água,
seios, vastas colinas,
cabelo, anel de nuvens
pernas, árvores finas.
Durante
maria da graça almeida
Durante é a hora
do tempo presente,
é tempo de agora,
que morre depois.
No tempo distante,
é tempo carente,
que fora do tempo,
perdido se foi.
Miséria
Miséria
maria da graça almeida
A fronte suada
que toca o chão,
sem fé ou certeza,
sem força pra nada,
suplica-lhe o pão
que cedo lhe falta.
A terra, que nega,
o braço suspende,
o grão não entrega,
a mão não estende.
O abutre tem pressa.
E, parca, a carcaça
nem enche o ventre
da ave que a caça.
A fome da ave
tem fome do homem
e a fome do homem
-eterna desgraça-
perpétua, não passa,
perene, não some-.
Conquistas
maria da graça almeida
Para o aprendizado e crescimento do homem,
o não inevitavelmente contribui,
seja ele de real ou de aparente contundência.
O que vem pronto não se busca;
do que não se busca não se apropria.
Da mão beijada, a chuva passageira;
do suor da conquista, a hidratação permanente.
O que se ganha é a efemeridade do ramalhete;
o que se planta é a certeza da semente.
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