Brasília
maria
da graça almeida
Cidade
que lembra uma praia sem mar,
ou
nave inerte bem rente ao chão...
Pesada
é a asa que faz por alar
o
corpo insensato da corrupção
Ao
tentar a busca por certo alento
que
a alma saudável ou enferma, recruta,
mesmo
envolvido ou com nada atento
pressinto
até, plena em constrangimento,
passado
o tempo de colher boa fruta.
Murmúrios,
cochichos, sibilos, conchavos,
segredos,
conluios e a aviltação,
ofuscam,
seguros, a luz e o brilho
da
crença que um dia amparou a nação.
Espero
que ainda, das torpes doutrinas
vejamos
Brasília trocar as cortinas,
pois
ora se sabe que a roxa ganância
seja
ela anciã ou ainda menina
contrapõe-se
ao tom do verde-esperança.
Ao
nos relembrarmos da bela cidade
reportamo-nos,
todos, a todo o país
que
agora revela ter a identidade
descritas
por manchas de rubro matiz...
E
a nave que só aprendeu a voar
nos
doces delírios presidenciais
enleou-se
em tramas de agudas barreiras
e
mostra que até para os feitos cabais
a forte ambição delimita as fronteiras.