24 de setembro de 2008



Comme Sinfonia
maria da graça almeida

Com o mesmo compasso
da interna melodia,
ouço nos acordes
de Comme Sinfonia
o fundo musical
da minha adolescência.
--------------------------------------------
A gota dependurada
inda vive quartos de hora.
Pelos cílios resguardada
não rola, nem evapora.

Define-me a memória
um amor tido como bom,
que por sobreviver tão pouco
nem causou decepção.

Imagens sinuosas desfilam
com os incômodos da inquietude,
enquanto os sons da maioridade
abafam as vozes da juventude.

Oh, permanente e decantada saudade,
revele-nos os sentimentos
que nos passeiam por dentro
em nostálgicos movimentos...

Oh, saudade sem urgências,
libere-me, recatada, a lembrança,
que dói, mas não tira nacos,
corrói e não deixa buracos.

Oh, saudade sã, que não dilacera,
preencha o vazio insistente
entre o ontem das quimeras
e o indeciso presente
travestido de espera...