7 de julho de 2011

Nada com nada

Nada com nada

maria da graça almeida


Trovas

O amor que cedo arrefece
da rotina é refém,
o nariz que muito cresce
mede mentiras de alguém.

O petiz que empina a pipa
nasceu de cara pintada,
sobre um berço de ripa,
dentro da casa caiada.

A vida de todos nós
tem contornos e debruns,
desde a barra até o cós
a costura é incomum.

A reza é a prece silente,
de quem nasceu para o bem.
A lima com mais sementes,
mais doce o caldo contém.

O vento que venta forte
traz a poeira do além,
se um dia saudar-lhe a morte,
convide-a a morrer também.

A tarde chega brilhante,
ofusca os olhos de quem
ao dia é rico gigante,
à noite, anão sem vintém.