26 de abril de 2010



O Vaga-lume
maria da graça almeida

Pisca, pisca o vaga-lume,
tão bonito é seu lume!
Pisca sempre sem parar,
seu piscar já é costume.

O miúdo vaga-lume
causa até muito ciúme,
pois, constante e interna,
ele traz sua lanterna.

Ela é feito a luz do dia,
toda cheia de energia,
nem precisa o vaga-lume
trocar sua bateria!

maria da graça almeida
ma.gla@uol.com.br

Poema Artesanato
Maria da Graça Almeida


Minha poesia é inglória,
vive em bancas incertas.
Do pódio e das vitórias,
traduz histórias discretas.
Nos dizeres, incontida,
minha poesia é de lua,
às vezes, reza vestida,
às vezes discursa nua.
Meu poema é artesanato.
E sai-me pronto das mãos.
Coso-o, com muito cuidado,
cirzo-o, sem distração.
Às vezes vem das sucatas,
de contas e velhos botões,
de renda e fitas baratas,
da fieira dos piões.
Que ressona atrás da porta,
tem os pêlos de um cão,
no final das linhas tortas
traz pena, paina, algodão.
Tem cores das violetas,
pose de pedra-sabão.
Nas asas da borboleta,
nem coloca os pés no chão.
O poema-artesanato
traz ponto-cruz, bordaduras.
É sempre um simples retrato
de uma notória figura.