12 de fevereiro de 2015


 
Hoje, apenas hoje

maria da graça almeida

 

Hoje, apenas hoje, euforia esbanjo...

Com novo canto, acalanto a crença dos santos;

visto-me de anjo, a soar  novo banjo;

cubro com manto os desvarios de tantos.

 

Hoje, apenas hoje, fantasias esbanjo.

coloco um véu branco e no espelho me arranjo,

de azul pinto a face a sonhar com doçura,

os sonhos azuis nunca trazem amargura.

 

Hoje, apenas hoje, alegria esbanjo...

Com  ares risonhos, apago o passado. 

os fantasmas tristonhos ponho de lado

e, ao deixar-me no ar, ponho os olhos sossegados.

 

Hoje, apenas hoje, sorrisos esbanjo.

Aceito o inevitável, sacio o insaciável,

creio no incrível, vejo o invisível,

venço o invencível, atinjo o inatingível,

possibilito o impossível, sensibilizo o insensível,

desfaço-me do ilusionismo das asas

largo os sonhos à deriva e, deles, despida,

volto leve pra casa.

 

Hoje, apenas hoje...