6 de agosto de 2009
















Pai com açúcar

Maria da Graça Almeida

Queria o ídolo
ainda criança,
de gesto profundo,
de crenças maduras,
que me acalentasse
com voz da infância
e me orientasse
na vida futura.

Queria o ídolo
tranquilo na fala,
sereno nos olhos,
suave nas mãos,
disposto ao livro
das velhas escalas,
pra fácil compor
a nova canção.

Queria o ídolo
de francas verdades,
que orasse em silêncio
e ouvisse a razão
e na noite finda
tal qual serenata
abrisse as comportas
da antiga emoção.

Queria o ídolo
de farta poesia,
de longos poemas
e breves haicais.
Queria de novo
o meu velho amigo,
queria outra vez
as doçuras do pai.