11 de setembro de 2007

Essência


Essência
maria da graça almeida
Ainda que eu me transformasse
em dezenas de palavras;
desdobrasse-me em centenas de letras;
multiplicasse-me em milhares de versos,
ainda assim, nunca, com lealdade,
reproduziria minha essência,
pois esta que arraigada me habita
-não por mérito ou, demérito-
jamais poderia ser descrita.
O sentir verdadeiro, -seja o meu, seja o seu-
aquele que revela o eu com as nuanças
das mais íntimas e pessoais posturas,
não é passível de escrita,
pois que de sentimentos mais profundos,
por serem intensos e insondáveis,
não se escreve...apenas se sente.
Assim, cada humano, em seu invólucro perecível,
é o esboço carnal do poema ambulante,
que caminha sobre a alma
da poesia imaterial, etérea...
e intraduzível.