18 de março de 2008


Sabe lá...
maria da graça almeida

Da morena esguia, o suspiro vasto; da ruiva robusta, o sopro exausto...
Vários ritmos, múltiplos passos, diversos pesos, o mesmo cansaço.
Impresso nos caminhantes, o tempo! Ora trôpego, mas a carregar uma aura de sabedoria e experiência; ora cambaleante -na indecisão dos primeiros passos-, isento de pegadas, de rastro; ora lépido, atrás das emoções,
dos sonhos próximos ou distantes, com crença, garra e força incomuns.
Sentada no banco úmido do parque, fitava-os espantada, nunca antes me rendera diante das surpresas, da magia e dos mistérios da vida, tampouco das evidências. Só viver é o que vale a pena -sempre foi este o meu lema-, porém percebi que a vida além de atraente, às vezes, sabe bem ser contundente.
Por isto hoje digo: viver vale a pena; morrer também!
Enquanto me conformava com tal descoberta, consolava minha filha que experimentava o mergulho inaugural na mais profunda depressão, e, sem saída, tanto quanto ela debilitada, ou inda mais, inventei, enfim, de ser forte...
Ofereci-lhe o que não tinha: otimismo, firmeza, coragem.
Como? Não sei...
Baixinho, arrisquei Djavan: “ sabe lá, não ter e ter que ter pra dar, sabe lá..."