Maria da Graça Almeida, nascida em Pindorama - São Paulo. Escritora, poetisa, professora, pedagoga e formada em Educação Artística. Obras Físicas Publicadas: - Espelho - Poesias Sem Mistério - A Graça que o Bicho Tem - Que traça sem graça - Mitos do folclore - A Menina da janela - O Cuco Maluco - O Besouro doente. - Olhos espertos - A substituta -romance
3 de junho de 2010
Borboleta
Borboleta
maria da graça almeida
Um rosto no espelho
mascarado dele mesmo...
É o tempo no vermelho,
falido, andando a esmo.
A mocidade esvaindo-se
sob olhares dispersos.
O viço subtraindo-se
diante dos alvos reflexos.
Que Deus nos auxilie
a enfrentar a realidade,
pois pior que a saudade
é a figura do passado,
que na sombra contrafeita
de um corpo alquebrado
teve a imagem imperfeita
e o semblante rasurado.
Bendita seja a lagarta
gosmento e grotesco ser,
porém fadado a ter
a imagem de uma floreta
que nas asas da beleza
faz voar a borboleta.
Um rosto no espelho
mascarado dele mesmo...
É o tempo no vermelho,
falido, andando a esmo.
A mocidade esvaindo-se
sob olhares perplexos.
O viço subtraindo-se
diante de novos complexos.
Baile de formatura
Baile de formatura
maria da graça almeida
No anel amarelo,
a pedra então falsa.
Franzido, singelo,
o vestido de alças...
Queria eu num elo
e em tempo da valsa,
o moço mais belo,
por força da graça.
E as moças donzelas,
as mais sensuais,
de rara beleza,
ao lado dos pais,
chamavam por ele,
pra ser o seu par,
o moço dourado,
o deus do lugar.
Meus ombros tremiam
e eu mais me agitava.
E ele gentil,
com todas dançava
e nem percebia
meu olho infantil,
colado ao seu...
Que céu sem anil,
que sina, meu Deus!
Findando a noite ,
a roupa amassada,
eu inconformada,
e a amiga me diz:
-É ele, está vindo!
Sorri! É feliz!
Chegando sozinho,
tão só por um triz
não erra o caminho!
Meu peito cansado
arfou exaurido,
então, apertado
e entristecido!
Enfim, ele chega
e falta-me o chão.
Sutil, a indagar,
segura-me as mãos:
- Disposta a dançar?
Acanhada e frágil,
não lhe respondi,
da amiga inábil,
resmungos ouvi.
O peito a pulsar,
senti-me sem ar,
descrente de mim,
não lhe disse sim.
Com a face sem cor
tentei me compor
e só fui capaz
de assim gaguejar:
- Agora, rapaz,
já nem quero mais.
- Que sorte fugaz!
- Diz isto, por quê?
- A mais linda valsa...
guardei pra você!
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