21 de junho de 2010

Escrevo


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Escrevo
Maria da Graça Almeida


A escrita é o transbordar do excesso,
o derramamento do que já ultrapassou os limites.
É a forma de retratar o exagero dos sentimentos e a intensidade dos ritos.
Escrevo com a finalidade de resgatar o tempo e melhorar a relação com as letras que me desviam o pensamento da impotência do homem diante da finitude humana.
Escrevo como jeito de perscrutar a alma do leitor e nutrir-me das expectativas e dos sonhos de cada um, na tentativa de perpetuar mapas interiores e conservar pegadas que revelem as estradas onde piso.
Escrevo porque me apoio na impressão de que os homens sejam mais justos
e na convicção de que os justos sejam mais homens.
Escrevo para acreditar que ainda me habita a ilusão pueril de que o amor apresente-se somente como incondicional e eterna doação.
Quando pressentir que meus dizeres, já foram da mesma ou de outra forma ditos, desistirei de certas crenças e da mesmice da escrita.