Antes e depois
maria da graça almeida
O antes, do derredor, é a influência;
o depois é o que sobra da essência.
O antes, do caso, é a antecipação;
o depois é o caso consumado.
O antes e o depois, da moeda, são os lados.
O antes, do fato, é pura ausência;
o depois é mera consequência.
O antes, da ocorrência, é o pressuposto;
o depois é tudo o que permanece no gosto.
O antes tão só é a efervescência,
pese-o bem, para que, no depois,
não lhe pese a consciência.
Maria da Graça Almeida, nascida em Pindorama - São Paulo. Escritora, poetisa, professora, pedagoga e formada em Educação Artística. Obras Físicas Publicadas: - Espelho - Poesias Sem Mistério - A Graça que o Bicho Tem - Que traça sem graça - Mitos do folclore - A Menina da janela - O Cuco Maluco - O Besouro doente. - Olhos espertos - A substituta -romance
7 de dezembro de 2010
Preciso dizer
Preciso dizer
maria da graça almeida
Não retenha ou represe
os ditos em minha garganta,
nem no peito os meus soluços;
a tranca é um corte no pulso;
a mudez é poço vazio;
a chave, o jazigo mais frio.
Não me aprisione as letras,
nem me esconda o dicionário,
o dizer não possui cadeado,
o sentir já é nó desatado.
Não me ameace o verso
com espinhos ocultos,
a dor é um grão submerso
nos mares dos velhos insultos.
Não me provoque com suas loucuras,
hoje, finjo crer em falsas procuras
e só as desarmo com simples ternura,
posto que a poesia é a figura,
que impune inda flutua
nas amargosas águas
das doces amarguras.
Não queira que me mova
tão só entre seus pontos,
que repinte seus traços,
que reconte seus contos.
Meu rumo é um desaponto?
Cada qual pisa os passos
com largueza, sem percalços.
Deixe que, livre, fotografe
com a lente que mesma eu puser,
responderei pelo mal, se um dia o fizer,
pois que ninguém jamais conduzirá a brisa
que, brejeira, bailando vem,
nem a bobice do vento mais forte
que só leva a poeira aos olhos de alguém.
maria da graça almeida
Não retenha ou represe
os ditos em minha garganta,
nem no peito os meus soluços;
a tranca é um corte no pulso;
a mudez é poço vazio;
a chave, o jazigo mais frio.
Não me aprisione as letras,
nem me esconda o dicionário,
o dizer não possui cadeado,
o sentir já é nó desatado.
Não me ameace o verso
com espinhos ocultos,
a dor é um grão submerso
nos mares dos velhos insultos.
Não me provoque com suas loucuras,
hoje, finjo crer em falsas procuras
e só as desarmo com simples ternura,
posto que a poesia é a figura,
que impune inda flutua
nas amargosas águas
das doces amarguras.
Não queira que me mova
tão só entre seus pontos,
que repinte seus traços,
que reconte seus contos.
Meu rumo é um desaponto?
Cada qual pisa os passos
com largueza, sem percalços.
Deixe que, livre, fotografe
com a lente que mesma eu puser,
responderei pelo mal, se um dia o fizer,
pois que ninguém jamais conduzirá a brisa
que, brejeira, bailando vem,
nem a bobice do vento mais forte
que só leva a poeira aos olhos de alguém.
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