12 de maio de 2010

Maturidade e ancianidade


Maturidade e ancianidade
maria da graça almeida


Aqueles que amadurecem antes de envelhecer possuem bom entendimento do inevitável e boa relação com os limites impostos pelo avanço da idade, não fazem deles uma tragédia, tampouco transferem sua rejeição àqueles que já envelheceram.
Os que chegam à velhice sem que tenham atingido a maturação têm visível dificuldade de aceitação do murchar do vigor, do esmaecer da beleza. São inflexíveis, não toleram os aspectos naturais da vida, e, desta maneira, a metamorfose a que são submetidos toma uma dimensão insustentável, insuportável.
Inevitavelmente, estes são os que lançam mão de subterfúgios que lhes encubram ou que lhes velem a imagem no espelho. Necessitam, inclusive, de constantes relacionamentos com parceiros jovens, como forma de resgatarem o tempo através da juventude do companheiro. Esforçam-se para assemelharem-se a ele. O desejo de julgarem-se iguais aos jovens reflete sua insatisfação com a ancianidade, pois ao enfatizarmos as semelhanças, demonstramos o tamanho da preocupação com as diferenças.
Lamento que o amadurecimento não ocorra pelos esforços de cada um ou porque o desejemos com intensidade. Parece-me, na verdade, que ele é inconquistável. É feito a cor dos olhos, não é possível mudá-la, nem adquiri-la posteriormente.
A menos que se coloque uma lente colorida, os olhos são da cor que são e a maturação, naturalmente, acontece... ou não.
Envelhecimento e maturidade são coisas distintas.
Quanto mais forte a indignação com a ancianidade, tanto mais significativo o grau da imaturidade.

Um comentário:

Arlete de Andrade disse...

Graça, para falar a verdade não vejo graça na velhice, mas a aceito, como se aceita o imponderável.
As vezes penso que amadureci, as vezes não...depende.
Gostaria de seguir adiante trazendo comigo a juventude. Ah gostaria!
Beijos amiga e sucesso!