27 de abril de 2010


Lavadeira
maria da graça almeida

- E a cinza da fornalha
entranhada na toalha?
- Da minha unha está embaixo,
ou desceu pelo riacho...
........................

Sob o balde, a rodilha,
esmagada, sobe a trilha.
Amarrada em velha colcha
mais pesada é a trouxa.

Ligeirinha, a toda hora,
molha, lava, torce e cora.
Braço fino, sem canseira,
vai lavando, a lavadeira.

Extremosa, em boas águas,
ensaboa, bate e enxagua.
Ao trabalho não se nega,
examina, afoga, esfrega.

Sobre a calça e a camisa,
a espuma economiza.
Quando roto o vestido,
lava o fio só de comprido.

Louva o vento, estica a lida
no varal pendura a vida.
A alvura da bandeira
credencia a lavadeira.

Nenhum comentário: