Confessional 
maria da graça almeida 
Mesmo com a lembrança inconveniente, 
o esquecimento fatal, a falta de requinte, 
o jeito natalino de enfeitar-se; 
mesmo com os excessos, as omissões, 
as doações e as mesquinharias, 
mesmo com os palavrões 
ou os prolongados silêncios, 
sua presença é desejada. 
Sinto falta das sonoras gargalhadas, 
entristeço-me em face da distância, 
de sua existência destrambelhada. 
Dos que me conquistam, 
suporto os defeitos... 
Acostumo-me com os deslizes 
e tenho-os apenas tais quais 
pueris arroubos de uma autêntica 
personalidade. 
Quando gosto é assim. 
Abro as comportas da emoção! 
Aos amigos, tudo! Aos desafetos, 
que são menos do que os dedos de u a mão, 
apenas o que pode suportar a mágoa 
que me descompassa 
o coração.
 
 
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