27 de abril de 2010

Confessional
maria da graça almeida

Mesmo com a lembrança inconveniente,
o esquecimento fatal, a falta de requinte,
o jeito natalino de enfeitar-se;
mesmo com os excessos, as omissões,
as doações e as mesquinharias,
mesmo com os palavrões
ou os prolongados silêncios,
sua presença é desejada.
Sinto falta das sonoras gargalhadas,
entristeço-me em face da distância,
de sua existência destrambelhada.

Dos que me conquistam,
suporto os defeitos...
Acostumo-me com os deslizes
e tenho-os apenas tais quais
pueris arroubos de uma autêntica
personalidade.
Quando gosto é assim.
Abro as comportas da emoção!
Aos amigos, tudo! Aos desafetos,
que são menos do que os dedos de u a mão,
apenas o que pode suportar a mágoa
que me descompassa
o coração.

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