12 de setembro de 2007

FORA_
Maria da Graça Almeida
Sai, agora,
da minha casa,
da minha vida,
dos entremeios
da minha lida.
Afasta-te de mim!
Do meu corpo
arranco os desejos
e dos lábios desprendo
teu último beijo.
Maculo de carmim
a cumplicidade
vulgar do acolchoado
de cetim.
Sólida,
minha lágrima
não desliza, nem mesmo
aos solavancos
dos soluços secos
de um peito
em desencanto.
Feito os farrapos
da solidão,
faço em pedaços
a toalha onde
secaste as mãos.
Sem direção,
teus sapatos voam
pelos desvãos
da minha indignação.
A ira que me envolve
faz-me errar o alvo.
Ainda que me fira,
perco a mão, a mira,
a posse, a pose, a estima.
Prendo a lua
dentro do quarto.
Que apenas
a escuridão da rua
vele teu retrato
que jaz colado
na negritude
do asfalto
Fora!

Um comentário:

Anônimo disse...

maravilhoso poema .... mas...

isso doi... peço ao Universo que nunca faça, quem eu amo, pronunciar tais palavras.