FORA_ 
Maria da Graça Almeida 
Sai, agora,
 da minha casa, 
da minha vida, 
dos entremeios 
da minha lida. 
Afasta-te de mim! 
Do meu corpo 
arranco os desejos 
e dos lábios desprendo
 teu último beijo. 
Maculo de carmim 
a cumplicidade 
vulgar do acolchoado 
de cetim. 
Sólida, 
minha lágrima 
não desliza, nem mesmo
 aos solavancos 
dos soluços secos 
de um peito 
em desencanto. 
Feito os farrapos 
da solidão, 
faço em pedaços
a toalha onde
 secaste as mãos. 
Sem direção,
 teus sapatos voam 
pelos desvãos 
da minha indignação. 
A ira que me envolve
 faz-me errar o alvo. 
Ainda que me fira, 
perco a mão, a mira,
 a posse, a pose, a estima. 
Prendo a lua 
dentro do quarto. 
Que apenas 
a escuridão da rua
 vele teu retrato 
que jaz colado 
na negritude 
do asfalto 
Fora! 
 
 
Um comentário:
maravilhoso poema .... mas...
isso doi... peço ao Universo que nunca faça, quem eu amo, pronunciar tais palavras.
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