14 de dezembro de 2011

Tempo de dores

Tempo de dores

maria da graça almeida

Longe vai o tempo
do tempo das flores,
quando só os amores
traziam dores ao peito;
quando os espasmos do ventre
eram a fertilidade das damas;
as pontadas na cabeça,
resultado do pouco dormir;
as fisgadas nas costas,
inusitadas posições na cama.

Hoje pouco dizemos de flores,
bem mais nos queixamos de dores
que já não são bobagens;
são dores que nos levarão
a estranhas paragens.
Agora é o tempo
das feridas de verdade,
sob o espectro saudoso
da longínqua mocidade.

Saudade do tempo de ontem...
quando desfrutávamos
de nova embalagem;
quando dos supostos males,
às largas, inda ríamos;
quando éramos felizes...
e certamente o sabíamos.

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