Formigas
maria da graça almeida
Acomodo minha indolência
na cadeira preguiçosa
e o máximo que me deixo fazer
é estirar  braços e pernas 
na exata medida 
de uma manhã desprovida 
do acontecer.
Enquanto isso, 
flagro as formigas
que, no silêncio 
das filas em "ziguezague",
atrevem-se.
O bolo amanteigado de ontem
amanheceu sardento.
Centenas delas desbravam-no.
Roubam-me, as descaradas.
Movimentam-me o olhar
no movimento da marcha em retirada.
O que antes era bloco imóvel e único,
agora caminha multiplicado.
Adocicados fragmentos,
entremeados, passeiam nas  
patinhas  gulosas
das formigas “tarefeiras”.
 
 
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