5 de julho de 2010

Cabides humanos



Cabides humanos
maria da graça almeida

A ditadura da moda
-com o troféu da abstinência,
no pódio da desnutrição-
cerceou a naturalidade
das meninas que nas praças
comiam pipoca,
tomavam sorvete.

Montanhas de ossos
cruzam as passarelas.
Ao invés do glamour,
tão-só a anorexia
que amordaça
a liberdade de viver
sob os próprios moldes
da melhor idade.

Os olhos fixos no nada
amparam-se na maquilagem
que lhes camufla as olheiras.
Sobre pernas descarnadas,
num cruel exercício,
a juventude macilenta
e esquelética bamboleia.

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